sábado, 1 de novembro de 2014

A gente só dá valor quando perde

Para aquela que veio me fez sorrir e tirou meu coração do meu peito como se tira uma flor de um jardim. Ela idealizava em mim a melhor pessoa do mundo, eu nem sei se o tipo de pessoa que ela achava ou queria que eu fosse existia, mas ela acreditava que eu era aquela pessoa. Ela me tratava como a irmã mais velha exemplar, eu era tudo pra ela, e bom eu não cuidava dela como ela cuidava de mim. Eu exigia dela algo fora do comum. Eu era egoísta e imatura, até que ela aprendeu a conviver com a minha ausência, mas eu não aguentei a dela. Putz, quando a me dei conta que a minha ruiva não era mais minha, nossa, o mundo parou de girar e o ar parecia queimar os pulmões. Quando não recebi nenhuma carta, caramba aquelas lágrimas eram como fogo em meu rosto, eu fui me dar conta de quanto aquela criança tinha crescido e aprendido a ser uma mulher quando ela virou as costas para mim. E aí já era tarde demais. Eu nunca vou encontrar alguém que me ame e cuide de mim melhor que você é isso é uma pena.
Eu te amo para sempre minha SRP.. De sua eterna Marrentinha ❤

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Deixa ela se sentar na beirada da tua cama e te acordar de surpresa – pra morrer de susto e minizar esse teu medo de aproximação. Deixa ela pender dum balanço, com as mãos pro alto e com os olhos fechados, sentindo a brisa da insegurança na cara e no corpo enquanto você se mobiliza pra não deixá-la cair. Entende o que é carinho e cuidado, rapaz. Deixa ela mudar as tuas coisas de lugar pra você pedir desculpas depois do ataque de raiva e perceber que viver sozinho não tinha essa incerteza toda, esses nervos à flor da pele dela que varam a casa com um perfume. Mesmo não admitindo que seu olfato ainda não se adaptou. Estranha tudo nela, moço. Estranha as calças, as cores, as provas de roupa demoradas, a ternura por programas infantis e se agarra nisso pra não cair num sofá de sala sozinho com pizza e cerveja na mão. Cai com ela e se suja todo de gordura e calabresa pra descobrir que a pizza vem fatiada por alguma razão.Deixa ela escolher o cinema, o horário e a sessão e fica nervoso com o atraso dela. Pensa que ela não gostou de você e que foi uma péssima ideia ter saído de casa, ter saído na chuva, ter saído com ela porque ela nem era tanta coisa assim ou era muita areia pro seu caminhãozinho e calma que ela já chegou. Vai me dizer que essa menina não te tira sorriso nenhum? Nega pra mim, porque pra ela já não cola mais. Que ela não te faz tremer um pouco ou bater a perna irritantemente num ritmo desacelerado por baixo da mesa do bar. E as tuas mãos ficam suadas durante o filme e você esbarra nela sem saber se pega nas mãos dela ou não. Pro beijo foi fácil e o pulo da intimidade de segurar as mãos dela, de envolvê-la nos dedos, nos laços e numa ternura só é que fica difícil. Você não ousa desafiar a tua memória e se esquecer de todas as rejeições, o tanto de não e talvez de quem partiu e te partiu ao meio? Deixa ela entrar e se esquece de quem já foi. Deixa ela mostrar que ninguém no mundo é igual e que elas, as outras, é que te perderam. Deixa esse teu receio machucado de lado e encara a menina nos olhos, sem casca, sem porém, sem esse papo de não querer nada sério, não querer viver em stereo porque o mute traz mais calma. Confessa que faz bem cuidar e ser cuidado por alguém, mesmo que das outras vezes o cuidado tenha acabado com uns ferimentos profundos a ferro e brasa. E larga essas tabelas do Excel, esses teus cálculos precisos demais sobre afastamento e quilometragem, essas justificativas esfarrapadas que se resumem a medo. Deixa ela entrar e jogar os teus papéis pro alto. Ou se deixa levar por esse vazio que cutuca, aperta, irrita e nunca se justificativa, e que você nega – mesmo sentindo – que sente.
— Daniel Bovolento.   

sábado, 11 de outubro de 2014

Enquanto ouço por aí sobre como sua vida está ótima, me pergunto como você reagiria se soubesse e visse com detalhes minha tortura diária de levantar e ir dormir pensando em você.
— Tati Bernardi.  
Ele me deu um pé na bunda. E doeu. Fiquei sem entender direito o motivo. Tudo parecia bem. A gente parecia bem. O mundo parecia um lugar bonito e seguro. Eu parecia bonita e segura. E de repente as coisas mudaram. Ficou um vazio grande no lugar dele. Ficou uma sensação de perda dentro de mim. Na hora em que o calo aperta e o coração quase derrete não adianta falar de tempo. Enfia o tempo no bolso e sai daqui! Não quero saber se o tempo cura, não quero ouvir que ele é o melhor remédio para todos os males. Não quero sair, não quero conhecer gente nova, não quero achar novo amor. Aproveita e enfia o novo amor no bolso também. Eu quero é ele. Ele, ele, ele. É que não tem ninguém igual. É que não vai ter sentimento igual. É que não vai ter outra pessoa que seja assim, tão única, tão perfeita, tão, tão…sabe? Não vai ter, eu sei. Eu sei e todo mundo sabe, não sei por qual motivo, razão ou circunstância ficam me enrolando e tentando me passar a perna com esse lance de o-que-é-seu-tá-guardado. Tenho certeza que ele é a minha alma gêmea. Eu nunca acreditei nisso. Até conhecer aquele homem. Meu Deus, ele é a metade da minha laranja. Por ele eu mataria e morreria. Por ele eu seria sempre melhor. Por ele eu seria até capaz de virar Amélia, a mulher de verdade. Por ele. Ele, que fez com que eu entendesse o amor. Ah, o amor. Aquele cretino. Aquele safado. Aquele ordinário. Aquele sem vergonha que faz a gente entregar o coração e acabar de mãos abanando e sangrando. Nunca mais vou amar ninguém. Não quero. Não vou. E não adianta você voltar com aquela história do tempo. E não adianta querer me levar pra sair, pra conhecer gente, pra esfriar a cabeça. Não quero saber de toda aquela baboseira de cortar o cabelo, renovar o guarda-roupa, começar a malhar, frequentar novos lugares, mudar velhos hábitos, incrementar o dia a dia. Não quero saber de tudo aquilo que as mulheres fazem para tentar achar A Cura. Não quero me curar. Quero beber todo dia uma vodca barata. Ou cara, depende do dia do mês. Quero beber e ficar sozinha. Prometo que não vou encher os ouvidos das amigas, das colegas de trabalho, dos amigos gays, da vizinha do andar de cima, da minha mãe. Prometo que nem vou buzinar nos ouvidos do terapeuta. Juro que me comporto. Fico eu, o pouco de sanidade que resta, o copo sempre cheio de vodca, algumas lágrimas e um punhado de recordações. Quero isso. Quero a depressão. Quero a fossa. Quero me acabar. Quero ficar arrasada para sempre. Quero ficar pensando nele o dia todo. Recordando cada momento que passamos juntos. Não quero saber de me entupir de chocolate e carboidratos. Vou fazer greve de fome até morrer. E antes vou deixar um bilhete: morri, seu idiota. Morri. Acho que agora estou entrando naquela fase da raiva. Aquela em que a gente imagina o cara de terno e gravata fazendo cocô. Aquela em que a gente começa a pegar nojinho. Aquela em que a gente usa todos os palavrões para definir o infeliz. Aquela em que a gente sai da fase da música de corno para cantar bem alto “I’m Every Woman” de braços abertos, abraçando o infinito, até ficar rouca e louca. Guardei as fotos em uma caixa e escondi ela no fundo do armário. Melhor deixar longe. Melhor não ver. Melhor parar de fuçar no Facebook. Melhor deixar de seguir no Twitter. Melhor deletar o telefone do meu celular. Melhor não dar uma espiada na vida da ex. Não quero mais saber o que ele come, se sente frio, se reatou com a antiga namorada, se continua lindo de morrer, se acabou comprando aquele tênis que eu disse que combinava com ele. Não quero saber nada disso. Quero virar autista e fingir que ele nunca existiu. Assim sofro menos. Assim vivo mais. Hoje eu reparei que as olheiras diminuíram. E que deixei de chorar. Me achei mais corada. Menos pálida. Mais bonita. Uma beleza melancólica. Tem um pouco de tristeza nos meus olhos. Mas vou me maquiar. Senti vontade de me arrumar. Pra mim. Para meu espelho. Pra me animar. Uma amiga me convidou pra um happy hour. Vou. Uns caras me olharam, me senti mais mulher, me senti bem. Quase não lembrei dele. Estou trabalhando bastante. É bom ocupar a cabeça. Parei um pouco de beber. Arrumei minhas gavetas. Joguei umas coisas fora. Decidi limpar as coisas por aqui. Acendi um incenso. Dancei sozinha na sala. Ri. Fui na padaria. Comprei pão francês e queijo cottage. Decidi dar uma volta no Ibirapuera. O dia está tão lindo. Encontrei uma velha conhecida. Conversamos. Marcamos um sushi para o dia seguinte. Fui jantar com a velha conhecida. Me diverti. Voltei pra casa, assisti um filme bobo, lembrei dele, chorei, sequei as lágrimas e me perguntei: por que estou chorando? Entrei no Facebook e vi uma foto dele com uma mulher peituda. Chorei mais. Dormi chateada e pensei isso-nunca-vai-passar. Comecei a caminhar todos os dias pela manhã. É melhor, vou para o trabalho com mais ânimo. Um cara bem interessante caminha por lá também. Não usa aliança, está sempre sozinho, ouvindo música e com o olhar longe. Parece eu. Me distraí. Esbarrei no cara. Ele se desculpou e sorriu. Nossa, que sorriso bem lindo. Senti uma coisinha no peito. Sorri de volta e segui andando. Na outra volta encontrei ele de novo, que sorriu mais uma vez. Para, que vou morrer aqui. Na outra volta eu já estava cansada, mas ansiosa por aquele sorriso. Ele sorriu. Me derreti. Parecia uma abobada. Voltei pra casa. No outro dia acordei feliz da vida, o cara sorridente ia estar lá de novo. E estava. E sorriu. E sorri. E ficamos nessa por uma semana. Até que ele pediu meu telefone, eu dei e ele me ligou. Quer ir ao teatro comigo? Quero. Enquanto eu me arrumava ele me ligou. Ele, que me deu um pé na bunda. Não atendi. Sorri. E tentei lembrar a última vez que lembrei dele. Não consegui. Talvez eu volte a acreditar no amor de novo. Talvez eu nunca mais sofra. Talvez. A vida é cheia de “talvez”, mas uma coisa é certa: o tempo ajuda. E não adianta você dizer que não e tentar lutar contra isso.
— Clarissa Corrêa.  

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

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Meu universos é diferente dos demais, não aceito histórias pelas metades, sou exigente e amante do infinito, meus pensamentos são violentos e espancam meu interior. Tenho saudades constantes, mas não sei exatamente de quem, ou do que. Vivo na angustia da espera por algo incerto, quero tudo, quero o mundo, e daqui a dois minutos já não quero nada. Não sei quem sou, o que faço, me sinto um reflexo de algo abstrato. Ando perdido, sem norte, sem bússola, sem estrela guia , sem céu. Passo um bom tempo olhando nos meus próprios olhos, buscando respostas que tragam sentido. Talvez eu seja o sonho de alguém, que depois de um longo dia cansativo, deitou, mas em vida nunca me encontrou. Aqueles que me vêem diariamente mal sabem que a dor, na minha porta bateu, e na minha alma se alastrou como fogo que inflamou e destruiu tudo por onde andou

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Eu queria uma luz, alguma coisa que mostrasse que eu já posso seguir sem precisar de uma mão pra me ajudar atravessar a rua. Eu só queria saber se estou acertando os passos mesmo com tantos tropeços. A vida é assim mesmo? Será que eu consigo? Vem me dar um empurrãozinho de vez em quando e um colo pra chorar de vez em sempre. Se você estiver me ouvindo agora, um dia me leva pra conhecer a sua casa? Quero saber se foi pra um lugar melhor do que ao meu lado. Aparece aqui qualquer dia, mesmo se eu não puder te ver ou te ouvir. Eu sempre vou saber onde você está, até mesmo se for naquela brisa que balança os meus cabelos mostrando a direção em que preciso ir. Mostrando o novo caminho que eu preciso seguir.
Ela está sempre quieta, olhando para o nada, como se esperasse por alguma coisa e ao mesmo tempo não esperasse. Deve haver um meio termo entre as duas coisas, não sei. Ela é um mistério para mim, e para ela também, pelo que pude notar nas nossas poucas conversas. Ela me olha como se eu fosse o único cara do planeta, e eu só tenho coragem para sustentar o olhar por cinco segundos, no máximo, até virar o rosto e tentar imaginar o que ela está pensando. Eu não tenho medo dela, nem ela de mim, temos medo mesmo é de não sabermos o que fazer com isso que surgiu do nada. E que, talvez, não passe disso. Temos medo de não saber o que fazer com o que há de se fazer. Medo de fazer o necessário sem conseguir fazê-lo necessariamente correto. Esse medo incomum que impregna nossos olhares por poucos segundos é o mesmo medo de não conseguirmos nunca mais impregnar esse olhar sem sentir aquela pontinha de desejo um pelo outro por muito tempo. Temos medo de não sermos o que éramos antes disso, e acabar nos transformando em personagens secundários do nosso próprio filme – da nossa própria vida. Temos medo de não conseguir ter medo da solidão proporcionada pela ausência do outro, de saber o que dizer e não conseguir dizer, de saber como agir e não conseguir agir. O desconhecimento mútuo que nos provoca essa sensação de inquietação, é o que nos leva a crer que, lá no fundo, o medo não passa de um probleminha infantil que pode ser resolvido por um entrelaço das nossas mãos tão proporcionalmente desiguais e a união dos nossos lábios que esperam serem beijados agora, nesse instante, enquanto nossos pensamentos se encontram – inebriantes e distantes do mundo, num lugar só nosso, eu e ela, assistindo um daqueles seriados que assisto, ou lendo algum livro que estava empoeirado na estante. Esse medo involuntário é o mesmo que já estava em coma há anos, e agora acabou voltando à vida por uma recíproca dilatação de pupilas, que, até então, não foi assumida, pois estamos tão acostumados a ter medo, que temos medo de não tê-lo mais. O medo é o que nos mantém vivos, já dizia algum filósofo de botequim. Eu tenho medo de conseguir me manter vivo sem ela.
— Junior Lima.